sábado, 22 de agosto de 2015

Depois do Beijo

Se quiser me seguir
Terá que se arriscar
No rumo certo
Na linha exata
Verá a condição
No golpe errado
No bobo engano
No centro da questão

O pé na lama
Do lixo velho na calçada
O cheiro doce foi embora
A brincadeira ganhou som
Nó na garganta
Assim deixado na sarjeta
Parece cena corriqueira
Atrás da luz do lampião

Se quiser me perseguir
Terá que se afastar
Por trás da porta
Andar de gato
Sorte na escuridão
Da rua antiga
Ainda inteira
-Só na intuição-

Depois do beijo
Queixo caído
Chorando o tempo que perdeu
Aquele gesto
Sempre contido
O que passou não volta mais

(parceria com Luís Otávio Souza)

sábado, 8 de agosto de 2015

Um lugar que compreendo





de um lugar que não conheço
senti saudades que compreendo
pensei que lá poderia voar
seria tudo tão diferente
ruas desertas marcariam a gente
dos descaminhos que eu já vivi
e luzes claras criariam estrelas
tão reluzentes ao meu olhar
encontraria a vida perdida
e perderia a que já conheço
ganharia o tempo macio
e soltaria todos os nós
sairia em busca dos náufragos
atracaria meu barco no sal
moveria moinhos sem vento
cairia sem pressa no chão
seguiria no voo rasante
voaria bem alto também
plainaria nos campos vazios
e desceria no lago sem luz
dormiria o quanto quisesse
acordaria de madrugada
calaria o som dos meus sonhos

e viveria feliz outra vez
 

cheiros doces são fumaça
num suave rodilho no ar
uma esquina em forma de v
mostraria a seta indicada

cheiro forte no caminho
diferente de tudo que vi
uma esquina em forma de v
mostraria a seta indicada